terça-feira, 27 de setembro de 2011

Das inutilidades


Das coisas inúteis que o homem já inventou, algumas me despertam uma necessidade premente de investigação. Isso inclusive, me lembra uma crônica do Carpinejar, sobre a existência dispensável das capinhas de guarda-chuvas, que uma vez retiradas, quase nunca voltam ou cabem no seu lugar de origem. Totalmente desnecessárias a seu ver.
Óbvio que ele não conheceu a minha mãe, que tem a habilidade e a paciência de dobrar meticulosamente cada “aba” de seu guarda-chuva ou sombrinha, para depois recolocar na capinha, que, no caso dela, milagrosamente serve.
Assim, por esse aspecto, a capinha do guarda- chuva tem sua serventia, ao menos como objeto de terapia ocupacional.
Entretanto tem uma coisa que eu ainda não sei por que ‘cargas d’água’ foi inventada.
Alguém pode me dizer, para que serve a redinha que envolve o melão?
Sei que é “aparentemente” uma questão desimportante para muitos, mas ando sem conseguir dormir imaginando que existe uma indústria que se preocupa em fabricar esse “apetrecho”, se é que podemos chamar assim, para uma finalidade que desconheço.
Tá! Eu sei! Eu sei que é para envolver o melão...
Mas me pergunto: Para quê envolver o tal? E para quê alguém se preocupou em inventar a rede que envolve o melão, que não protege da sujeira, não facilita o transporte nem serve para coisa nenhuma?
Não sou de deixar barato mistérios “tão relevantes” quanto esse, e lá fui eu escarafunchar no “São Google” para ver se encontrava algum resultado; porque uma coisa é certa nessa vida: Toda pergunta que me faço, alguém já fez pela internet, e melhor ainda, alguém já respondeu.
Mas adivinhem?
Ninguém se interessou até hoje pela rede que envolve o melão!
Li diversos artigos sobre encaixotamento de melões, nomes de pesticidas próprios para os ditos, metodologia de embalagem, higiene e exportação. Tudo! Mas em nenhum momento, alguém sequer tocou no assunto da redinha.
Ando achando que deva ser um tabu, sabe?
Tipo daquelas coisas que todo mundo sabe, mas ninguém comenta, e não se deve perguntar...
Tornei-me quase especialista acerca do processo logístico de toda a cadeia produtiva do melão, desde seu plantio até o consumidor. Fiquei sabendo dos papelões de alta resistência que garantem a proteção e segurança da fruta até o ponto de venda.
Alias, aposto que vocês nem sabiam que existe toda uma tecnologia de aplicação de resinas especiais nas capas e tratamento do miolo que garantem resistência à umidade e baixas temperaturas. Li até sobre a possibilidade de rastreamento no transporte do produto que agora já estou achando ser uma fruta muito chique (já que é protegida até contra sequestros), além da garantia de adequação às condições de higiene e proteção.
Tinha um artigo que falava até das impressões variadas e sofisticadas dos Selos de Identificação, que agregam valor ao produto!
É agora, ou deveria ser, o momento em que se tocaria no tal assunto, e resolveria  minhas dúvidas.
Onde é que se prega o tal do Selo?
Na casca ou na re... re...?
Nada!
Nem uma palavrinha sobre redinhas.
Estava quase a desistir do tema quando vi uma fotografia numa revista de moda, onde a modelo usava meias de rede, ou “arrastão” como são mais conhecidas, imortalizadas pelas dançarinas de “can-can” em Paris.
Lembrei-me imediatamente do melão.
Bingo!
A rede do melão é só uma questão estética criada por alguém com algum tipo de fetiche pelas pernas das dançarinas parisienses.
A fruta que usa ‘meia arrastão’ fica mais sensual e, portanto é mais cara.
Quem tiver uma versão melhor, que apresente!

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Azarados de muita sorte!


Imagem do Google

            Você conhece alguém que teve muita sorte no meio de um enorme azar?
            Pois eu tenho a honra! Conheço três pessoas de uma só vez e que são uns sortudos (por assim dizer), no meio de grande azar.
Algo assim como “seria cômico se não fosse trágico”, e/ou vice-versa.
            Contraditório?
Certamente, mas vou demonstrar através de três casos absolutamente verídicos sobre pessoas que conheço pessoalmente.
O texto que se segue não é uma apologia ao humor negro nem falta de respeito com a desgraça alheia, mas simples descrição dos fatos, a bem do entretenimento geral, considerando que todos estão vivos e bem.           
Cito primeiramente o caso de um amigo, que teve o azar de ter uma doença crônica nos rins e que, portanto faz hemodiálise periodicamente. Sei que não há nada de engraçado nisso, mas ele enfartar durante a hemodiálise foi muita sorte. Pelo menos foi o que disse a esposa. Afinal ele já estava no hospital e pôde ser atendido prontamente o que lhe "ajudou" muito.
Não curou seus rins, e ainda vai ter que cuidar do "core" e, sorte mesmo, seria se não tivesse doença nenhuma. Mas o fato é que se não fosse doente e não estivesse no hospital, não teria sobrevivido ao enfarto quase fulminante, que também não sei se teria sofrido se fosse totalmente saudável. Isso sempre me confunde...
            Tem ainda minha colega de trabalho, que saiu cedinho com o marido para fazer trilha de bicicleta num domingão ensolarado.
Dia bonito e ambos paramentados para aproveitar o passeio de “bike”. Pois não é que ela despencou de um barranco enorme e caiu sobre uma pista de alta velocidade? Ficou estendida e toda desconjuntada, e o marido lá em cima sem poder ajudar.
Mas para sua sorte quem passava?
Dois indivíduos da Corporação de Extinção de Incêndios (mais conhecidos por aqui como Corpo de Bombeiros), que estavam se dirigindo ao trabalho, em baixa velocidade a tempo de parar antes de atropelar a moça. Mais sorte ainda é que carregavam equipamentos de resgate e tinham conhecimentos de paramédicos treinados, o que salvou com certeza a coluna vertebral e provavelmente a vida da moça, apesar da gravidade do acidente.
Sorte ou não?
Tá bom! Vão falar que mais sorte teria sido se ela não caísse, mas já que aconteceu, foi uma sorte terem aparecido os caras.
            Mas o "hors concours" do meu julgamento particular de “Azarado Sortudo da Década” é mesmo um músico que conheci recentemente e que foi o "muso" inspirador deste texto.
O rapaz, numa dessas madrugadas, foi assaltado ao voltar para casa. E resolveu “encarar” o bandido. Por conta dessa atitude no mínimo insana, levou um tiro.
Grande azar!
A bala alojou-se na cabeça e apesar de causar lesão irreversível num dos olhos e num dos ouvidos, o rapaz sobreviveu e continua tocando, para nosso deleite!
Entretanto, ele não é nosso campeão por acaso.
Sua sorte azarada alcança as raias do inacreditável, pois em outra noite - já que não escuta nem enxerga tão bem em consequência do incidente anterior, conseguiu ser atropelado ao atravessar uma avenida mal iluminada. E o pior, por uma ambulância, que inexplicavelmente fugiu e não lhe prestou socorro.
            Pessoalmente, eu acho que isso é um azar absurdo, mas todo mundo achou que ele teve a maior sorte, pois nenhum carro passou sobre ele, que ficou estendido na pista escura por algum tempo, até que alguém prestasse socorro.
            Não foi uma sorte que não tivesse sido atropelado mais de uma vez ? Perguntam.
            Eu não tenho certeza...

      

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

A bicharada


Eu tenho duas famílias que moram na mesma casa. Adicionar imagem
Ou melhor, eu tenho uma família formada por dois grupos de diferentes espécies. Uma - da qual obviamente faço parte - é minha família humana e a outra é composta pelos meus animais.
A minha família de pessoas, apesar de não ser lá totalmente normal, não chega a ser nenhuma aberração. Nada que uma boa conversa e eventualmente uns gritos não resolvam.
Mas o outro grupo, a minha "família animal" é totalmente atípica, para ser gentil.
Algo de muito estranho acontece com meus bichos.
Tenho um “vira-lata” que está com quatro anos. É fêmea e antes dela chegar tínhamos uma cadelinha de raça “Lhasa apso” que era uma verdadeira paixão. Não precisávamos de outro cachorro, mas temos um principio por aqui que é reservarmos uma cota de adoção para animais abandonados.
Assim sendo, um belo dia chegou nossa cadelinha; um cruzamento de Basset com todo o resto das raças caninas existentes no Vale do Paraíba, grande São Paulo e quiçá da Bahia.
Batizamo-la de Guiomar (por motivos que aqui não vem ao caso), e ela atende pelo pseudônimo de Guigui.
Com ela iniciou-se uma prole de animais de comportamento um tanto quanto bizarro.
Para começar, uma tragédia aconteceu: Logo que a “vira-lata” chegou, nossa Lhasa veio a falecer de um mal que ninguém sabe. Nada apareceu na necropsia e conjecturamos que, como a casa estava em reformas, ela pode ter sido mordida por um escorpião ou alguma aranha armadeira. Foi uma tristeza só...
A vira latas? Apesar de filhote, não sofreu uma picadinha sequer nem de pulgas, e também não se abalou nem um tiquinho com a ausência da irmãzinha. Aliás, diga-se de passagem, ficando sozinha impôs-se como rainha absoluta do meu lar.
A esta altura, o gatão persa que tínhamos (não falei?), já tinha desaparecido com a chegada da cadelinha. Estranho, não? Também achamos, mesmo assim passamos a mimá-la e dar algumas regalias que não se deve dar a bichinhos de índole duvidosa, como viemos saber mais tarde.
Acontece que ela tem aquele olhar “pidão”, de quem está sempre assustada ou arrependida. Olhos de quem conhece a tristeza do mundo...
Puro fingimento, diz meu marido que garante que ela é mesmo mau-caráter e que não tem razão nenhuma para a falsa cara sofrida, já que com dois meses de vida ela já reinava aqui de casa.
Preveni que ele precisa ter cuidado ao manifestar esse tipo de opinião pessoal, pois que poderia ser confundido com preconceito e do jeito que estão as coisas, até ser processado por “bulling” canino.
Admito que foi uma piada barata, mas não me contive.
Fato é que a Guigui é mesmo oportunista, tenho que admitir, e soube aproveitar-se da situação, passando a dormir dentro de casa e abusar do nosso amor.
Achando que devíamos dar um basta neste abuso canídeo, um amigo americano, criador, nos ofereceu um Bordie Collie. Ele faria companhia à Guigui, que certamente “baixaria a crista”, como diria minha avó. Falou (com seu sotaque de tio Sam) que íamos “pirar com o inteligência da cachorro”, aliás, outra cadela, que já veio batizada como "Bela" e é de fato.
Nosso amigo disse que essa raça é muitíssimo inteligente, aprende tudo rapidamente, e tem talentos para cão pastor, coisa totalmente dispensável por aqui.
Relutei, mas numa família democrática como a minha (puro sarcasmo), meu voto contou como nulo.
Resumindo nossa situação: Como ninguém tinha tempo para ensinar a inteligentíssima cadela, a vira-latas se incumbiu da tarefa e delegou a esta todo o trabalho sujo.
Agora a bela e inteligente pastora late o dia inteiro, avança nos motociclistas, arranca minhas plantas e flores espalhando seus galhos pelo quintal e mastiga os pés de cadeiras e mesas.

Ah! Não posso me esquecer que ela tem uma predileção por mascar calças jeans e sutiãs, que a vira-latas instruiu sobre a melhor técnica de puxar do varal. Também rouba frutas da fruteira, com predileção por bananas. Alguém pode me explicar?
Outra peculiaridade que nos inquieta e aporrinha a vira-latas, é que esta não consegue dar um passo sem que a collie a cerque. Uma verdadeira devoção canina!
Preocupados procuramos um especialista que nos informou que a Border Collie pensa que a vira latas é sua ovelha e a pastoreia em tempo integral para que ela não desgarre do rebanho (?) e fuja pelos pastos verdejantes do meu restrito quintal.
Eu avisei que não eram normais!
Para agravar a situação, adotamos um gatinho de rua que veio para nós com duas semanas e já está com quatro meses. Ele convive muito bem com as duas cadelas, o que por si só já é atípico.
É um lindo gatinho “sem raça definida”, que a cadela de “raça mais inteligente do mundo” pensa que é o filhote da ovelha.
O gatinho para não fugir do contexto, comporta-se feito um cachorro e cada vez que me aproximo deita de barriga para cima e espera afagos. Óbvio que não faz “miau”, como seria normal e sim um som estranho e desafinado que mais parece um uivo e avança e morde em quem chega a casa.
Para confundir ainda mais, nossa tartaruga ou jaboti (sei lá eu), que já tem uns doze anos, quase foi exterminada pela esquizofrênica pastora, já que podia representar uma ameaça à “ovelha e seu filhote”.
Agora, traumatizada com a situação, a tartaruga não sai mais da casinha de cachorro, que os próprios cachorros nunca usaram, o gato tenta insistentemente mamar na pastora, e o papagaio da vizinha começou a miar.
Minha filha anda querendo comprar florais para acalmar os bichos aqui de casa, mas eu penso que só o tal Cesar (uma espécie de Freud de cachorros), pode nos ajudar.