quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Meu conto de natal


Pensei em escrever um conto de natal ou crônica terna, abarrotada de angélicas parábolas e metáforas, a comemorar o nascimento de Jesus, afinal, motivo da celebração.
Pensei, desejei, mas não consegui.
Em tempos natalinos eu fico é muito aflita, e a última coisa que consigo lembrar é do aniversariante. Carrego no peito uma urgência que não se explica, além de uma melancolia que só é suplantada pela ansiedade causada pela necessidade de encontrar o presente certo para cada pessoa.
As propagandas de todos os meios de comunicação conhecidos e reinventados nos levam a essa angústia. Juntam-se a isso, lojas sempre entupidas de gente, filas imensas, vendedores estressados, estacionamentos de shoppings e supermercados insuportavelmente lotados, cujas poucas vagas sobrando destinam-se aos idosos e portadores de deficiência, que nem dão as caras nessas datas.
Confesso que me deixo tomar pelo sentimento insano do consumismo desmedido, mais por hábito familiar do que por vontade própria.
Desde que eu era pequena (após a fase de acreditar em Papai Noel), costumávamos (meus pais e irmãos) trocar presentinhos no natal.
Mas vejam bem, a família cresceu e hoje somamos sobrinhos, cunhados, compadres e comadres, agregados e amigos; e o que antes era uma brincadeira carinhosa, virou hoje um exercício tumultuado de paciência e adivinhação.
É muito complicado comprar o presente certo, que agrade o presenteado e caiba no orçamento, sobretudo levando-se em conta a quantidade de gente e o tumulto da época. Um verdadeiro desafio que apesar de tudo, consegui dar cabo sem muitos transtornos! Mas decidi que no próximo ano vou começar fazer compras de Natal em maio.
Na véspera do natal, com os presentes devidamente embrulhados e etiquetados, lá fui eu cuidar da vida e da ceia de Natal.
“Cuidar” é modo de dizer, já que tenho pouco talento para as artes culinárias. Entretanto, me arrisquei a fazer umas sobremesas, e solicitei o auxílio de uma ajudante para o resto, e pude enfim me dedicar às coisas que realmente importam (para mim): Fui aprender a dobrar guardanapos de pano pela internet, decorar mesa, entre outras atividades pouco práticas. Aliás, isso é a minha cara.
Meu negócio é a poesia da coisa, entendem?
Fiz a conta dos convidados e organizei duas mesas para a ceia. Uma para crianças e adolescentes dentro de casa, e outra para os adultos, na varanda coberta do quintal, onde fica a churrasqueira.
Tudo “nos trinques”.
Decorei ambas com esmero. Uma belezinha!
Idealizei um jantar tranquilo, precedido de uma oração de agradecimento, adultos lá fora e crianças lá dentro, todos convivendo pacificamente, etc., etc. ...
Rá! Quem disse que planejamento funciona, não conhecia minha família nem as intempéries da natureza.
Para começar, caiu um toró! Desabou o mundo, bem na hora em que os convidados começavam a chegar.
Era o dilúvio, e minha casa mais parecia a arca recebendo os filhos de Noé para a noite do Noel! (Essa doeu)!
Raios, trovoadas e água, muita água! Os convidados entravam encharcados e com os sapatos molhados. Um corre-corre, um pega-pega de toalha e tapetes...
Todo mundo reunido dentro da casa. Na verdade, na cozinha. Uma verdadeira algazarra. Cerca de quinze pessoas acuadas e famintas em volta de uma mesa disposta para seis crianças.
O pior? A comida estava no bufê lá de fora. As bebidas também...
Detalhe? Na minha família de descendentes de italianos, ninguém sabe conversar baixo. Juntando isso com o barulho da chuva torrencial, os decibéis ultrapassavam fácil o limite saudável para os ouvidos.
Ninguém se arriscava a ir lá fora. Não me surpreende...
Restava esperar e foi o que fizemos, com meu humor já um tanto abalado. E eu mal sabia que podia piorar.
Quando enfim a chuva melhorou (ainda bem), saímos para a varanda onde servi as bebidas e tira-gostos para os convidados que misteriosamente evitavam se sentar à mesa que arrumei tão cuidadosamente. Puxaram as cadeiras e fizeram uma roda em volta de nada, até que eu (a chata), coloquei todo mundo (a contragosto) de volta. Nada de informalidades hoje. Estão querendo me irritar?
Ora! Planejei tudo tão direitinho...
Eu não sou controladora, eles é que são rebeldes.
Algumas crianças se desentenderam e quiseram comer com os pais na varanda, mas como os lugares eram contados, teve gente que comeu com prato no colo.
Ai ai ai... Parecia que o menino Jesus e o presépio inteiro estavam de gozação comigo. Com certeza para me provar que ninguém tem controle de nada nesse mundo.
Ainda tem mais, meu irmão que tem uma filha de seis anos (que ainda acredita em Papai Noel), estava mais aflito que a criança decidida a flagrar o bom velhinho no exercício de seu ofício, ficando de plantão na boca da chaminé da lareira da sala.
Pois é, eu tenho uma lareira na sala. Já estava na casa quando compramos e confesso que na única tentativa de usá-la num remoto inverno, quase morremos todos intoxicados com a fumaça. Não funciona direito, mas pelo menos dessa vez o trambolho ia ter serventia.
Voltando ao meu irmão, este queria manter a fantasia da pequena por mais um ano, e tentava achar uma solução para driblar a vigilante garotinha e o único recurso encontrado, foi Papai Noel enganar todo mundo e “descer” pela chaminé da churrasqueira, enquanto a criaturinha se mantinha de sentinela na lareira da sala. Pode?
Pensando bem, que coisa estúpida essa história de chaminé (nem São Google explica direito), tanto quanto essa nossa imitação de natal invernal, num país onde a data cai em pleno verão, estação de sol e calor.
 Nosso Papai Noel devia era usar camiseta regata e bermudas, sem barba de preferência. Com boné e protetor solar 60. Deixa São Nicolau, para os alemães, com sua roupa vermelha e quente, criada pelo cartunista Thomas Nast, e consumada pela Coca Cola.
Nossa árvore de Natal deveria ser um coqueiro cheio de “cocos” coloridos. Muito mais a ver com nosso clima, que o pinheiro usado como árvore de natal por Lutero, segundo contam por aí!
Na hora dos presentes, eu tentei organizar (juro), mas ficou impossível controlar a turba enfurecida rasgando caixas e embrulhos. O resultado é que mesmo com os cartões, ninguém sabe quem deu o quê para quem.
E apesar de tudo ter saído meio bagunçado, os abraços foram sinceros e os desejos de felicidades, cheios de amor.
Sobrevivi a mais um Natal, e sou grata que seja só uma vez por ano.

quinta-feira, 22 de dezembro de 2011

Amigos

Desconheço o autor da imagem



“A gente não faz amigos, reconhece-os.”
(Vinícius de Moraes)


Não existem maus amigos! Se são maus conosco, são inimigos, e se não são nem bons nem maus, são apenas conhecidos. Portanto, por sofismo barato, concluo que todos os meus amigos são bons e isso faz de mim uma pessoa mais contente, já que não existem tantas sensações prazerosas quanto a conivência, a identificação e a cumplicidade.
Acho curioso observar meus amigos e deles tiro a amostragem para compreender o resto do mundo; a despeito deles serem totalmente atípicos.
Que saibam que são apenas reflexões dessa mente presentemente ociosa e sem inspiração para poesias, nada havendo de científico nessas minhas conjecturas sobre as diversidades de amigos que encontrei durante a minha vida. Só especulações...
Existe uma categoria de amigo que é totalmente intrometida. Não no sentido ruim da palavra, mas na acepção mais generosa que o “intrometimento” pode ter.
É do tipo que quando “acha” que você está doente, já sai marcando médico, liga para lembrar da consulta e dá um jeito de vir lhe buscar, quer você queira ou não. Dá conselhos, não se exime e, o pior (ou melhor): fala sempre a verdade! Diz onde e porque você está errado e quando está sendo chato. Com certeza, apesar de aparentemente inconveniente, é o melhor da classe.
Não menos apreciado, é aquele tipo de amigo que respeita suas vontades. Respeita tanto que não se intromete e procura guardar para si o que pensa. Só expõe sua opinião em último caso, e se (nesse último caso), não for lhe magoar. Poderia ser considerado omisso, mas sua qualidade está exatamente na preocupação em acatar suas escolhas. Isso é tão importante para ele, que se preocupa, mas não dá palpite. Também é um grande cara.
E quem não possui um amigo “diabinho”? Aquele que quer que você seja feliz a todo custo, mesmo que suas ações possam lhe acarretar transtornos? É aquele que lhe enche de bebida para diminuir a sua tristeza, empurra você para situações confusas, tudo em nome de uma boa farra ou da alegria. Um pouco inadequado, mas de boa intenção (ou não).
Existe também o amigo que partilha apenas as festas e os bons momentos. São absolutamente companheiros nesses momentos. Só não conte com eles nos momentos de tristezas, pois são como lindos pacotes de presentes embrulhados. Trazem felicidade mesmo quando o conteúdo é discutível. São efêmeros como a alegria, mas sempre fazem a diferença quando estão por perto. E isso também é muito importante.
E o amigo distante? Aquele que você conviveu um tempo e vai amar para sempre e quase nunca encontra, mas quando isso acontece - mesmo raramente - é como nunca se tivessem separado.
Mas, a nova e espetacular categoria de amigos dos últimos tempos é o amigo ‘virtual’!
Eu que circulo pelo universo dos blogs de literatura (crônicas, poesias e afins) e artes em geral, tenho encontrado gente apaixonante. Artistas e escritores talentosos. Pessoas que despertam em mim todo o tipo de bem querer. Comovem-me, me fazem rir e chorar com poemas inesperados, textos magníficos, desenhos, fotos e imagens surpreendentes, havendo ainda um diálogo virtual inusitado. Uma troca rica de muitas formas.
São dezenas, ou para ser menos acanhada, centenas de pessoas que me cativaram e, por mais insensato que pareça, são muito importante na minha vida. Tenho vários ‘amigos virtuais’ (alguns anônimos), que partilham com generosidade, o amor à arte. De muitos deles, só sei o nome ou um pseudônimo, uma foto ou imagem que se atribuem.
Eu me identifico com a poesia e/ou textos de uns, sinto me fascinada pelo bom humor de outros, tenho um carinho inexplicável por alguns, que ultrapassa a compreensão, e quase posso saber o que sentem, o que pensam e como são, mesmo sem ter ouvido a voz.  Isso tudo acontece dentro desse universo “paralelo” e esdrúxulo da internet.
Existe, aliás, uma ampla produção artística de grande qualidade disponibilizada pela “blogosfera” que acredito, representa uma nova Era da produção literária desse país (desconsiderando os equívocos e equivocados), mesmo que a dinâmica do “Facebook” esteja esvaziando alguns blogs, o que é um pouco desanimador.
Alguns dos meus mais queridos escritores desistiram, desapareceram, e sinto muita falta deles. Outros resistem, e isso me deixa feliz.
Voltando ao assunto, eu não quero trocar meus amigos reais pelos virtuais, mas gostaria muito de adicioná-los à minha convivência real.

quinta-feira, 8 de dezembro de 2011

Um fumante revoltado


Vamos sair hoje, véio? Pega a patroa e vamos sair para ouvir uma música e tomar umas cervejinhas! Faz um tempão que não fazemos isso.
- Vou não, Zé! Quero sair de casa mais não!
- Tá deprê?
- Não! Estou fumê! Eu sou fumante, lembra?
- Sim, e daí?
- Daí que já não há mais lugar no mundo onde eu possa fumar sem ser tratado como criminoso, a não ser na minha casa; e ainda assim, só no quintal, longe das crianças e da patroa.
- Pois então, não acha que é uma boa oportunidade para parar? Vai deixar de se divertir por causa desse vício estúpido? Para logo com essa porcaria!
- Não! Não paro, não quero parar e tenho raiva de quem para! Melhor mudar de assunto senão vamos acabar brigando!
- Calma aí, rapaz! Que estresse...
- Você me conhece, Zé. Nunca, em toda a minha vida, fiz nada de ilegal e, no entanto, tenho sido tratado como um pária. Sou um cara bem bacana com todo mundo, mas agora me tornei, de uma hora para outra, um estorvo, só porque sou fumante.
- Você é um cara inteligente, véio! Sabe o quanto o cigarro faz mal.
- E eu não sei disso? Já tentei parar tantas vezes... É difícil, Zé. Sofrido demais e não quero passar por isso de novo. As pessoas deviam ter mais tolerância com quem tem muito tempo de vício. Alias, deviam ser intolerantes é com os produtores e vendedores...
- Hã?
- Se o cigarro é uma droga tão maléfica, só deveria ser vendido para quem é  comprovadamente viciado, com receita médica e tal... Igual a remédio tarja preta. Você não concorda?
- É? Sei lá...
- Alguém resolve mudar a lei e fumar passa a ser crime! Mudaram a regra no meio do jogo e agora, o que eu faço com meu vício? E, no entanto, a venda de cigarros segue livre. Continuam vendendo cigarros em todo lugar, sem nenhum controle e viciando mais pessoas. É uma hipocrisia!
- Livre arbítrio, cara! As pessoas têm direito de escolha. Se quiserem se matar...
- Até parece! Não temos escolha nem de escolhermos onde nos matar. Outro dia quase apanhei porque estava fumando num ponto de ônibus. Uma mulher ficava se abanando como se eu estivesse fumando num elevador fechado. Ficava fingindo que estava tossindo, só para me constranger. Daí, as outras pessoas ficaram me olhando feio. Eu estava ao ar livre onde nem é proibido, mas me senti acuado! Fiquei com medo de ser linchado. Virou uma caça às bruxas!
- Que exagero, o seu. Com todo respeito, “véio”, vocês fumantes abusaram! Não respeitavam locais fechados e cheios de gente, aviões, ônibus, carros, etc. Fumavam em todo lugar!
- Mas Zé, todo mundo fazia isso! Era normal... Nos filmes, nas novelas, nos comerciais de TV, na minha casa e na casa de todos que me lembro. Desde que eu era menininho via meu pai, que acordava e acendia um cigarro, antes mesmo de tomar um lanche.
Fiz um esforço danado para conseguir fumar e acompanhar meus amigos. Passei mal à beça, mas tinha que ser macho, Zé! Afinal todo mundo fumava. As propagandas só falavam bem do cigarro e nunca me disseram, à época, que não deveria ter começado. Havia uma acanhada oposição dos pais, mas sabiam que era questão de tempo e todos seríamos fumantes. Eu fui só mais um estúpido que seguiu a corrente e adquiriu o vício. Não sou um bandido.
- Mas agora que você já sabe que faz mal, porque não para?
- Porque não dá mais! Não consigo ficar sem fumar. Não me imagino viver sem fumar um cigarro após as refeições, depois do cafezinho, junto com a cervejinha...
- Você está querendo dizer que a vida não tem sentido? Que não tem graça viver sem segurar um canudo de papel cheio de porcaria e ficar engolindo e soltando fumaça? É nisso que se resume sua existência? Que absurdo você falar uma coisa dessas!
- Pois é isso mesmo, cara! Você nunca foi fumante e não sabe o que é isso.
- E nem quero, credo! Tenho certeza que se você quiser mesmo parar, você consegue!
- Típica observação de leigo! Desculpa Zé, mas não tenho mais paciência para esses argumentos, e pensando bem, já que a venda não é ilegal, deveríamos ao menos ter o direito de ter nossos próprios lugares.
- Como assim?
- Devia ter lugares para os fumantes fumarem a vontade enquanto se divertem, bares, restaurantes, danceterias, etc., onde fosse proibida a entrada de “não fumantes”. Tipo “entrou, tem que fumar”! Daí  iam ver como é bom ficar se metendo na vida alheia.
- Você é uma “figura”! Não procede proibir a entrada de alguém que não incomoda, nem obrigar alguém que não quer, a fumar. Eles não se metem na vida alheia, apenas não querem respirar a fumaça do seu cigarro.
- Então não entrem lá, ué... Deixem que nós, os suicidas fumantes, nos matemos lentamente. Até porque não tempos pressa nenhuma.
- Muito engraçadinho você! Outro dia ouvi uma frase que seria cômica se não fosse trágica: “O fumante passivo sofre um estupro em estado gasoso”.
- Ah ah ah! Quanta hipocrisia! Até parece que o ar que respiramos é puro, que a água que tomamos é limpa e que os alimentos que comemos são saudáveis. Só o meu cigarro é tóxico? Os tão corretos e limpos, me olhando de cima com seus olhares de recriminação e nojo. Na verdade, nós os fumantes, somos vítimas. Imbecis, mas vítimas. Vítimas de uma indústria que viciou e continua viciando milhares de pessoas.
- Isso lá é verdade...
- Aliás, hoje em dia, se têm mais respeito com um usuário de droga do que por um fumante. Estamos relegados ao desprezo, ao relento, fumando na chuva, na rua, no frio...
- Quanto drama! Fala sério! Estou achando que você anda muito nervoso e está precisando de terapia.
- Se o terapeuta permitir fumar, eu topo! Até lá, eu prefiro ficar aqui no meu quintal, tomando minha cerveja, sem ofender o mundo com minha existência fumacenta.
Enquanto isso, a patroa que ouve a conversa de longe, se lembra do perfumado e bem humorado colega de trabalho que vive insistindo para levá-la a dançar qualquer dia desses...

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

ser mãe


Espera-se de mim mais do que tenho a dar porque afinal, sou uma mãe. Entretanto, isso não transformou minha alma como eu esperava e o fato de ter me tornado mãe não me fez saber muito mais coisas acerca do mundo. Os tais mistérios da vida...
A bem da verdade, além de saber quase nada e cada vez menos, também sirvo para poucas coisas e isso é censurável, pois, sendo “as mães”, criaturas que geram outras criaturas, estão inseridas num patamar sublime em que não me enquadro.
A expectativa que se tem de uma mãe é um grande encargo.
Imaginem vocês (só a título de exemplo), que nós, “mães” não podemos sequer dar-nos ao luxo de tomar um porre. Nem de leve...
Palavrão, nem pensar! Abominável.
A “rainha do lar” não pode!
“Mães” devem ser perfeitas, caso contrário não mereciam ter parido.
Quase todo mundo pensa assim, principalmente os exigentes filhos, incluindo o parceiro, se houver um.
Não me digam que não é verdade porque eu também sou filha (?), e hoje tenho plena consciência do tanto que exigi da minha progenitora.
Sabe aquele cara lá, tomando todas as cervejas, assistindo futebol e xingando a mãe do juiz, enquanto há tanto por fazer em casa? Garanto que existem muitas mães a fim de fazer algo parecido, mas seriam execradas.
Além de bons exemplos, as mães têm “alguns” outros deveres para com os filhotes, tais como organizar a casa, educar, zelar, alimentar...
Alimentar!
Aí a coisa pega, pois se pressupõe algum conhecimento de culinária.
Eu? Sei esquentar água e olhe lá! Ainda corro o risco de me distrair e ela entornar...
Até faço um café da melhor qualidade, mas não é possível alimentar os rebentos só com cafezinho...
Queria saber cozinhar como Sonia Hirsch, por exemplo, cujos artigos e receitas sempre me enlevaram Ela tem um jeitinho encantado de escrever sobre comidinhas e temperos, e um talento especial na arte de cozer de forma saborosa e saudável.
Quem dera!
Minha filha passou a infância comendo “miojo” e “nuggets”.
É uma iniquidade imperdoável, bem sei, e meu castigo certamente será terrível.
Por isso mesmo nasceu essa crônica, quase um pedido público de perdão.
Oxalá eu fosse uma eficiente mãe de comercial de vitaminas. Linda, elegante, bem sucedida no trabalho (óbvio que trabalho fora), habilidosa no fogão, que faz ginástica diariamente, e a noite, depois de servir o jantar, está pronta para ajudar nas tarefas escolares das crianças. E ainda mais tarde, estará linda e perfumada ao deitar-se com o companheiro. Se possível, maquiada, sorridente e sexy.
Mães têm que saber limpar a casa além de Equação de Segundo Grau. Têm que saber interpretar uma Tabela Periódica com a mesma destreza de uma receita. Aliás, como aumentou a tal, gente!
Mãe que é mãe sabe extrair uma boa Raiz Quadrada ao mesmo tempo em que bate um bolo.
Mãe que é mãe há que ter habilidade em responder quando a criança pergunta por que tem que estudar sobre o conjunto de órgãos reprodutores femininos de uma flor, se ela nunca vai querer ser “tipo bióloga” e não quer saber nada dessa “coisa de gineceu”...
Porque você não pergunta isso ao seu pai, ao MEC, ao seu professor? Eu gostaria de dizer. Porque eu não faço a menor idéia, minha filha...
Na verdade eu postergo, procrastino e desconverso.
Mãe terrível, eu assumo.
Juro que eu tentei me adequar ao modelo de ‘mãe normal’, mas não obtive sucesso...
Conhecendo-me, eu bem devia saber que não seria boa nisso!
“E para que é que você acha que serve, então?” me perguntaram por esses tempos em que andava irritada com minha inaptidão em ser uma mãe ajustada.
Eu pensei, pensei, pensei e não soube responder.
Não soube mesmo!
Lembrei dos tempos em que fiz teatro, lembrei-me das centenas de bailes em que cantei, dos poemas que eu escrevo desde menina, dos quadros que eventualmente pinto e me dei conta de que não sirvo para nada que seja útil.
Praticidade não é meu forte.
Eu sirvo para adular o meu próprio umbigo.
Tenho “cabeça de vento”, vivo no “mundo da lua”, sou “de veneta”, cheia de “caraminholas” e com sérias tendências às excentricidades de pouco proveito.
Namorei todas as Artes ou quase todas desde que me conheço. Amei e amo todas incondicionalmente, e sendo um tanto volúvel, sempre quis ficar com todas juntas.
Bem me avisaram que não se pode ter tudo...
Nem liguei e aprendi a respeitar minhas estações. Quando a poesia me foge, eu pinto uma tela ou faço um desenho, quando a preguiça me alcança, eu escrevo, e assim eu sigo, pouco me importando se faço bem. Junto com isso eu sempre canto, de tal modo que permaneço na meninice.
O difícil mesmo, é que agora, sendo uma mãe, já tarda o meu tempo de crescer.
Mas nem isso eu sei fazer...

quinta-feira, 24 de novembro de 2011

sobre a beleza...


Certamente eu não posso ser considerada uma esteta na acepção rigorosa da palavra. Óbvio que admiro o belo, mas me falta ser convencida sobre alguns parâmetros.
Ouve-se falar muito sobre beleza e o ‘jargão’ mais citado é o célebre verso de Vinícius de Moraes: “As muito feias que me perdoem, mas beleza é fundamental”. Pode até ter suas razões líricas o poetinha, considerando que falava especificamente das mulheres, assunto que decerto entendia bem (ou não), já que se casou nove vezes. Mas isso já “são outros quinhentos”.
Eu tenho lá minhas restrições sobre “rótulos” em geral, sobretudo a respeito do que é considerado “bonito”. Não se trata de um questionamento filosófico sobre as oscilações do gosto. Eu só busco captar o “espírito” da coisa...
Os padrões humanos para definição de beleza já foram culturais, geográficos e temporais, mas atualmente (talvez devido ao processo de globalização), a avaliação coletiva do belo anda extremamente restrita, e os julgamentos tendenciosos e “manipuláveis”.
Sim! O gosto pode ser manipulado sim, assim como a moda, entre outras coisas. Daí fica tudo muito confuso... De tanto sermos bombardeados pela mídia intencional, tem até quem ache Ronaldinho gaúcho bonito... Tem quem imite o cabelo do Neimar!
Por falar em imitar, as pessoas estão sempre querendo mudar a própria aparência para se parecer com outras que estão dentro dos “tais padrões” quase unânimes.
As “chapinhas” e os preenchimentos labiais são algumas das provas contundentes, assim como os silicones e as tinturas de cabelos que não me deixam mentir. As negras estão ficando loiras e de cabelos lisos, as japonesas andam ruivas e peitudas, entre outras estranhezas. Já foi o tempo das esqueléticas e agora, a última moda são as mulheres com o corpo parecido como o do Arnold Schwarzenegger quando era mocinho.
Juro que não tenho nenhuma restrição nem preconceito! Cada um que faça o que quiser consigo mesmo. Apenas me intriga essa necessidade de tentarmos nos adequar ao que é taxado de “belo”, ignorando as singularidades das etnias e características físicas individuais.
De qualquer maneira (ainda bem), prevalece o velho e sábio ditado: “Gosto não se discute”, já que é um conceito extremamente abstrato.
A ciência até hoje tenta elucidar a percepção do belo, analisando a beleza  como uma experiência pessoal e íntima; um processo cognitivomental, sexual ou até espiritual, relacionada aos elementos que agradam de forma singular aquele que a experimenta, blá-blá-blá...
Tenta, mas não consegue. Não há consenso nas especulações.
Cada qual é cada qual...
Eu por exemplo, tenho uma noção de beleza um pouco mais abrangente e quiçá mais excêntrica que a dos demais. Meu senso estético é mais tolerante, por assim dizer.
Não é nem porque tento enxergar além do invólucro a tal “beleza interior”. Acho que é só um desvio comportamental mesmo. Eu sempre tive uma inerente hostilidade pelo “belo demais”.
Confesso que quando mais jovem, achava que o excesso de beleza (nas pessoas), era prepotente e quase sempre carregava certa arrogância, presunção e empáfia.  Puro preconceito da minha parte!
Na minha adolescência, essa intransigência fez de mim a alegria dos meninos feinhos, por assim dizer. Não dos muito feios, óbvio, porque aí, só Deus e as próprias mães gostam.
Se o guri fosse problemático ou melancólico então, aí mesmo é que me apaixonava.
Com propensão para psicanalista, eu sempre tive simpatia pelos complicados e menos afortunados no quesito harmonia, e cá entre nós, a puberdade é um período especialmente difícil esteticamente. Ficamos todos virados no avesso, principalmente os meninos que não se utilizam dos mesmos artifícios que as meninas para minimizar os efeitos da “metamorfose” e era aí que eu entrava.
Se algum ex namorado estiver lendo isso, peço que não leve para o lado pessoal, mas se um garoto fosse muito bonito, eu não queria saber dele e ponto final. Não dava mole!
Costumava ignorar solenemente os garotos lindinhos, como se estivesse dando uma lição nos afortunados! Que boboca...
Muito provável que eles nem tenham se dado conta desse meu desprezo matematicamente calculado e, matutando sobre isso, tenho a impressão que eu é que tinha algum problema. Dos sérios!
Talvez fosse insegurança ou medo de rejeição.
Hoje já não generalizo, pois com a maturidade fui reconhecendo em muita gente bonita por fora, a benignidade que chamamos de ‘beleza interior’. Entretanto, é certo que a beleza humana carrega consigo o mesma peso conferido ao dinheiro e ao poder: facilita a vida e abre muitas portas, e é por isso mesmo, um grande teste de caráter.
Esse assunto me veio à lembrança enquanto caminhava na esteira da academia que freqüento, e observei os rapazes que vaidosos, malhavam seus bíceps, tríceps, abdomens, etc...
Com a sabedoria dos “enta” já consigo aceitar a beleza sem grandes dificuldades e nem me irritei com a exibição.
Nada como a maturidade para derrubar velhas convicções.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

E eu caí do palco!


 - Madona, Britney Spears, Amy Winehouse, Demi Lovato, Pink, Fergie e Steven Tyler também caíram. Relaxa mãe!
Esta foi a frase de minha filha ao ouvir sobre o meu mais recente “mico”.
Pelo jeito, o tombo é uma coisa aceitável e até frequente no Show Business.
Curiosa e carente de consolo, fui espiar no “Google” e soube que muito mais gente andou caindo por aí. O mais recente a descambar (que eu saiba), foi Axl Rose.
Por terras brasileira, candidatos a quedas também andam a sobejar. Além de Dinho Ouro Preto, Ivete Sangalo, Elba, até Caetano Veloso andou levando seu tombinho.
É... Pois eu também!
Depois de quase vinte anos cantando incólume em todo tipo de palco possível, dessa vez eu despenquei.
Na verdade, caí “nele” e não “dele”, mas a diferença de preposição só atenuou a gravidade do fato, mas não o vexame.
Se um tombinho já é vexatório, imagine cair com todo mundo olhando. Mortificante! Não há nada que amenize a vergonha a não ser o tempo e, inclusive por isso mesmo demorei um mês para conseguir escrever sobre.
Houve por assim dizer uma sucessão de acontecimentos que culminaram em uma ocorrência e decorrências bizarras e tenho cá comigo, que aconteceu uma conspiração astrológica além de nossa reles compreensão.
Não tem outra explicação.
Esclarecerei. Para quem não sabe, eu fui cantora de bailes e vez por outra ainda participo de alguns; e uma das bandas da qual eu participo estava fazendo dois bailes em salões contíguos de um mesmo espaço de eventos.
Num salão acontecia um baile em homenagem ao dia dos médicos, e toda a classe médica (ou quase), estava presente. O outro baile tratava-se de uma formatura de colegial. Públicos totalmente distintos, o que não tem nada a ver com o assunto.
Eu disperso fácil... 
Voltando ao que interessa, fizemos alguns revezamentos, e com a divertida correria de cantores e bailarinos, houve um momento em que fiquei sozinha com os músicos no palco do baile dos médicos, quando repentinamente vislumbrei um alvoroço que não consegui distinguir, entretanto enxerguei uma senhora correndo em minha direção bastante alterada, gesticulando e tentando falar comigo. Gritava alguma coisa que obviamente eu não conseguia nem ouvir nem compreender.
Disfarçando uns passinhos de dança, tentei me aproximar para saber do que se tratava e esse momento em especial requer um aparte para algumas elucidações.
O palco de piso negro emendava com umas caixas de som da mesma cor e da mesma altura, tendo entre eles um vão de cerca de vinte centímetros. Nem preciso dizer mais nada. Uma verdadeira armadilha!
Fui em direção à mulher e claro que pisei no vazio. Caí de cara sobre as caixas de som.
A banda ainda continuou a tocar por alguns minutos até que as luzes se acenderam. Fez-se um silêncio de uma eternidade.
Lá estava eu estatelada de bruços sobre as caixas de som em frente ao palco, numa posição que me recuso a descrever (ou lembrar), tentando entender o que tinha acontecido ao mesmo tempo em que me fazia de morta para ganhar tempo de pensar numa saída digna.
Não havia!
Tentei sentir meu corpo. Não sentia nada. Não sentia as perninhas, não sentia os bracinhos...
Ouvi vozes das pessoas especulando se eu tinha batido a cabeça, ou a boca. Ainda de olhos fechados, passei a língua entre os dentes e pude perceber que todos estavam no lugar. Que alívio!
Resolvi enfim abrir os olhos e enfrentar com coragem a situação.
Só queria desaparecer dali. Nem olhei para os lados quando dois médicos (ou seriam garçons?) me carregaram para o camarim.
Percebi que tinha estirado os nervos das duas pernas, entretanto, cabelos e  maquiagem continuavam surpreendentemente intactos, assim como as unhas e os saltos altos do sapato. Que bom...
Trouxeram gelo, fizeram massagem, apareceu todo tipo de remédio, pomadas e ungüentos. Até dorflex com uísque me ofereceram.
A senhora que tinha me chamado ficou rondando pelo camarim, provavelmente sentindo-se culpada (e era mesmo), mas ainda teve a audácia de me dar uma “dura”: - Tem que olhar por onde anda, moça. Não precisava vir!Eu só queria avisar que tinha um senhor passando mal.
Claro, dona! Eu entendi perfeitamente o que a senhora estava querendo dizer enquanto gesticulava atrás de uma cortina de fumaça e trinta mil watts de luz na minha cara...  
Foi assim que soube que quase ninguém prestou atenção ao meu performático tombo, porque concomitantemente alguém passou mal no meio do salão, motivo do destempero da tal senhora.
Parece que o homem sofreu um infarto enquanto dançava Have you ever seen the rain?”.
Mas o que a senhorinha havia de querer comigo? Eu sou apenas a cantora e havia no local pelo menos uns vinte cardiologistas. Vários deles inclusive, tomando providências junto ao paciente, com o “Resgate” devidamente solicitado.
Se ela queria que a banda parasse de tocar, era só falar com o contratante ou com os técnicos de som que estavam (aliás) bem pertinho dela, sob o palco. Fato é que em situações perturbadoras as pessoas fazem asneiras, o que me rendeu um tombo considerável.
Finalizando a história, a banda voltou para prosseguir com o show que teve que continuar a despeito do trágico ocorrido, e eu encarei a peleja de retornar ao palco mancando mesmo.
Pior de tudo foi saber que o homem não resistiu e veio a falecer. Uma tragédia... Duzentos médicos reunidos e nada puderam fazer para salvar-lhe a vida. Uma grande ironia do destino.
Havíamos inclusive brincado antes de começar o baile, dizendo que ali era o melhor lugar para se ficar doente, tal a quantidade de médicos por metro quadrado. Ledo engano...
Lembrei-me da popular história de “Alexandre, o grande” e seus três desejos à beira da morte. Interessa-me aqui só primeiro que tem tudo a ver com essa história. Ele pediu que seu caixão fosse transportado pelas mãos dos médicos da época, para mostrar que eram impotentes diante da morte.
E ainda houve quem fizesse humor negro, dizendo que banda boa mesmo é aquela que mata as pessoas de tanto dançar!
E a vida continua...

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Esse moço tá diferente

Foto do Google

Andei me estranhando com o Chico Buarque.
Soou estranho? É porque vocês não sabem (nem ele), que temos, ou melhor, tínhamos um caso.
Não, não sou doida varrida!
Talvez só um pouquinho, mas eu tenho consciência da unilateralidade e platonicidade (neologismo de minha própria autoria) do nosso relacionamento.
Contudo, isso nunca foi empecilho para mim. Não preciso ser amada para amar. Aprendi com São Francisco de Assis.
Mas cá estou a declarar publicamente que não quero mais nada com o Francisco; o “Buarque”, não o “de Assis”. Eu me desapaixonei quando vi pela internet uma foto dele com sua “nova namorada nova”, que não cito o nome por evidente ressentimento contra a dita.!
Acham que eu vou fazer propaganda de rival?
Sim, eu sei... Ciúmes é mesmo um sentimento feio e egoísta.
Além de tudo, a moça é bonita e canta bem.
Humph! (Onomatopéia para despeito.)
É óbvio que o Chico não adotou o celibato depois da separação com a dona Marieta, mas ao menos, era discreto e tinha a decência de não nos magoar.
Refiro-me a nós, as “chicólatras” (essa eu não sei quem inventou).
Mas agora que a coisa desandou e ficou pública, somos uma legião de ultrajadas, já que eu, a torcida feminina do Corinthians, Flamengo, Fluminense e Politeama juntas, idealizamos um mito.
Sagramos Chico Buarque uma Instituição, um “Patrimônio Nacional” e, portanto, ninguém tem o direito de se apoderar dele assim. Muito menos essa “zinha” que acabou de chegar e já anda querendo sentar na janelinha...
E mais! Confesso certo desapontamento ao vê-lo agindo como um homem normal, suscetível de engrossar a fileira do estereótipo de coroas, que ao se aproximarem dos setenta anos, arrumam namorada quarenta anos mais jovem.
Pelo jeito, o velho ditado continua atual: “Pra cavalo velho, o remédio é capim novo”.
Se eu fosse rancorosa, diria até que é patético...  
Bom, não adianta chorar sobre o “leite derramado”, que aliás, é um ótimo livro. Resta-me sair de cena, humildemente.
Mudando de assunto e sublimando minha inveja, divido com vocês um fato que me aconteceu.
Todo homem inteligente sabe que com Chico Buarque não se disputa, e o meu marido é um desses. Tem a perspicácia e a consciência de que o compositor é um desses incômodos incompressíveis que homens relevam e encaram como "coisa de mulherzinha", tal qual uma obsessão por sapatos ou perfumes.
Assim, tendo sido convidado por Wilson das Neves (grande sambista e baterista do compositor), meu marido decidiu me levar a um show do Chico Buarque há alguns anos atrás em São Paulo. Entretanto, sabendo da minha "idolatria", fez algumas recomendações e por que não dizer, chantagem : Eu deveria me comportar e conter qualquer ímpeto de tietagem esplícita.
Obviamente que prometi.
Prometeria qualquer coisa para assistir o show do Chico!
De qualquer forma, sou mais ou menos discreta e, nesse caso, é mais provável que eu fique paralisada.
Para resumir, antes do show, fomos ao camarim dos músicos e estávamos conversando, quando ele, o próprio Chico Buarque adentrou ao recinto.
Confesso que foi uma visão no mínimo inesperada.
Surge na porta no camarim, aquele homem de olhos verdes, com um sorriso capaz de iluminar os mais de 2.500 metros do Rebouças, super bronzeado e vestindo um roupão branco.  Para fechar com “chave de ouro”, estava comendo uma maçã!
Mulheres! Vocês têm noção?
Entrou simpaticamente dizendo que ali estava muito mais animado que o camarim dele, e veio imediatamente em nossa direção para nos cumprimentar.
Gelei!
Entretanto, controlada, fiz o que prometi e não abri a boca. Aliás, não consegui sequer me levantar para cumprimentá-lo. Apertei a mão dele sentadinha mesmo, com um sorriso amarelo.
Ai que raiva de mim...
Mas mantive a classe de uma princesa para o alívio de meu marido, dos músicos e acredito que do próprio Chico, que deve estar acostumado com fãs ensandecidas.
Só me arrependo de não ter tido a coragem de tirar uma foto para compartilhar o momento.
Restou apenas uma bela lembrança.
Mas dessa vez, foi a gota d’água, Chico! Não adianta pedir mil perdões.
Vai passar, e apesar de você e de todo sentimento, não sonho mais...